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Não tem toque de campainha, os testes não são marcados, não há quadro de honra e há maior carga horária. O b,i. foi conhecer o colégio que foge ao modelo mais comum e cujos alunos tiveram os melhores resultados nos exames do secundário no país.

À hora a que visitamos o Colégio de Nossa Senhora do Rosário, no Porto, perto das 15h, reina uma calma algo inesperada para uma instituição com 1580 alunos, entre pré-escolar, básico, 2.º e 3.º ciclos e secundário. Quase parece que o visitamos quando Sophia de Mello Breyner Andresen o frequentava, nos seus tempos de juventude, época em que o Colégio era certamente menos concorrido e a agitação própria da idade mais contida. Mas não: os horários, consoante os anos, são desencontrados, e talvez por aí se justifique a tranquilidade que por aqui se vive. Quanto à visita do b,i. , não é infundada: pela quinta vez consecutiva, os alunos do secundário – frequentado por cerca de 420 estudantes – alcançaram os melhores resultados nos exames nacionais.

 Um ‘compromisso educativo’

«Os alunos aqui têm uma mancha horária forte», superior à recomendada pelo Ministério da Educação, diz-nos a nossa anfitriã, a irmã Teresa Nogueira, diretora do Colégio fundado em 1871 pelas Religiosas do Sagrado Coração de Maria. Assim se faz cumprir um projeto educativo – «aqui chamamos-lhe ‘compromisso educativo’ porque nos comprometemos, de facto», esclarece a responsável – que tem em conta a pessoa no seu todo, para que venha a fazer a diferença no futuro e colabore na transformação da sociedade «para que todos tenham vida». Esse é o fim máximo da educação que aqui se promove.
Por isso, ao Colégio do Rosário não importa apenas desenvolver «o melhor possível» a dimensão intelectual – um misto entre tradição e capacidade de inovação, acompanhando os tempos –, mas também a humanista e cristã, através do ensinamento de «princípios e bons valores», sem esquecer as dimensões artística e desportiva. Para tal dinamizam vários projetos, em especial de voluntariado, como o dedicado aos sem-abrigo, todas as noites de segunda a sexta, em que alunos, pais e professores levam comida e vários dedos de conversa «para ajudar à integração». Outro, é a estadia de um mês em missão, em Timor.

Às vezes há alunos que têm resultados mais altos, mas há outros que trabalham mais”, diz a diretora, justificando a não adoção de um quadro de honra” - Teresa Nogueira, diretora

Exigência nas pequenas coisas

Por aqui, a exigência é visível também nas pequenas coisas. Aqui não se ouvem, por exemplo, toques de campainha. «Temos vários relógios pelos corredores e a campainha só toca nos exames». É uma forma de responsabilização, que obriga os alunos a estarem atentos aos horários.

E há algum tipo de seleção? «Não», garante ao b,i. a diretora, para quem os resultados se devem «a uma cultura de fasquia alta, de trabalho, de rigor, de investimento nos processos de aprendizagem». Não é fácil entrar neste colégio, mas isso não é devido a critérios rígidos, até porque isso não é coisa que exista aqui. «Não exigimos que os alunos sejam batizados. Eno momento da inscrição é dada prioridade aos irmãos e aos filhos de colaboradores», explica a irmã Teresa Nogueira. A partir daí, vale a ordem de pré-inscrição. O problema é que há mais procura do que vagas. «Há alunos que estão pré-inscrições há sete anos e que só agora é que tiveram vaga». E pretendem alargar para satisfazer a procura? «Não, porque assim pomos em causa o acompanhamento individual. Iríamos correr o risco de massificar a educação e isso não educa», responde a irmã Teresa Nogueira. Há, claro, um limite que logo à partida faz uma seleção: a mensalidade, que corresponde a 519 euros no secundário.

Apesar de se orgulhar dos resultados alcançados nos rankings, a diretora garante que aqui não se trabalha para isso. «Não trabalhamos para o ranking nem para resultados, de todo. Trabalhamos para formar pessoas competentes. O ranking é apenas uma consequência disso». Evidência disso é, por exemplo, o facto de não haver quadro de honra. «Às vezes há alunos que têm resultados mais altos, mas há outros que trabalham mais», defende a diretora. Os testes só são marcados a partir do 8.º ano – «importa o domínio do saber e não propriamente a busca de resultados, os resultados são consequência do saber», justifica Nogueira. 

Demasiado exigente? Não, diz João Tiago Rocha, um aluno de 17 anos que frequenta o colégio desde o primeiro ano e que não duvida que o ensino aqui praticado prepara para a vida futura. João destaca o apoio dos professores, «sempre disponíveis para ajudar». Já Isabel Pinho, professora de Biologia e Geologia, centra-se no compromisso educativo. «O facto de, por exemplo, os testes a partir do décimo ano serem sempre simulações de exame prepara os alunos da melhor forma», acredita. Quando chega o dia dos verdadeiros exames, os nervos não são os mesmos do que os dos outros examinandos e a ansiedade é facilmente controlável.

A exigência, diz a diretora Teresa Nogueira, é equilibrada com afeto. E para o estímulo e motivação dos alunos contribuem as condições do colégio, um espaço de 20 mil metros quadrados cujo edifício, construído na década de 60, é frequentemente alvo de remodelações. Exemplo disso é um dos pavilhões construído em 2010 – o da natação, todo em vidro –, um dos mais queridos aos alunos. «Adoram natação», diz a diretora. A primeira motivação, porém, «é o ar que se respira». «São uns privilegiados pelo que a família lhes oferece, e por isso têm mais responsabilidade em relação ao que podem oferecer à sociedade», conclui.

Disponível em: https://sol.sapo.pt/  


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